quinta-feira, 22 de julho de 2010

Trabalho Digno e Fortalecimento das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis








Cooperativa na Ceasa é a primeira da cidade a ter coletor motorizado


Trabalho duro faça chuva ou faça sol. Assim é a rotina de centenas de trabalhadores que vivem da coleta e reciclagem de resíduos. Mas para os cooperados da Unidos na Vitória, que funciona na Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa), esta realidade começa a mudar. É que a Cooperativa recebeu oficialmente nesta quinta-feira, dia 22 de julho, quatro carros coletores motorizados em uma cerimônia que contou com a participação do prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, de vereadores, secretários municipais, funcionários e atacadistas da Ceasa e outras autoridades.


É a primeira cooperativa a contar com este equipamento em Campinas. Com os carros motorizados os cooperados vão reduzir o esforço físico, pois a tração passa a ser mecânica e não mais manual para recolher os resíduos recicláveis pelos 500 mil metros quadrados da Ceasa. Além disso, vão poder melhorar a produtividade e reduzir o tempo do trabalho, pois a capacidade de armazenamento do coletor é o dobro do carrinho convencional. “Vai facilitar bastante nosso trabalho porque antes levávamos uma hora e 10 minutos para percorrer os mercados agora podemos fazer em 40 minutos. Vai ficar melhor também sem peso e vamos poder carregar sucatas pesadas que antes não podíamos pegar”, explicou a presidente da Cooperativa, Elizabete Maria da Silva.


Para o prefeito, a entrega representa o avanço no difícil cotidiano das cooperativas e mais uma demonstração de que “Campinas iniciou o resgate da cidadania plena”. “Saímos da fase do paternalismo para trabalhar hoje com mecanismos para retirar as famílias da miséria e neste processo não cabe amadorismo. O trabalho de coleta deve ser um rito de passagem para a pessoa atingir o patamar da cidadania. E a tecnologia usada a favor do ser humano e deste objetivo”, avaliou o prefeito. Ele defendeu a consolidação das chamadas empresas sociais como forma de progresso do sistema de cooperativas e de consolidação das políticas socioambientais e de sustentabilidade.


O presidente da Ceasa e vice-prefeito, Demétrio Vilagra, lembrou que o trabalho da Cooperativa Unidos na Vitória integra o Sistema de Gestão de Resíduos (SGR) da Central que possibilita, hoje, o reaproveitamento não só do lixo reciclável como papel, plástico e metal, mas também os orgânicos. “Antes enterrávamos cerca de 800 toneladas de restos de frutas, verduras se legumes no Aterro. Hoje estes resíduos entram na compostagem (são transformados em adubo)”, observou. A secretária municipal de Trabalho e Renda, Maristela Braga, falou da importância dos equipamentos para dar mais conforto e dignidade ao trabalho dos catadores que agrega “benefício imensurável ao meio ambiente” e anunciou a busca de recursos para a aquisição de mais coletores motorizados para uso de outras cooperativas da cidade.


Economia Solidária

Os coletores têm três marchas, são movidos à gasolina e atingem a velocidade de até sete quilômetros por hora. São movimentados por guidões como de motos onde o trabalhador, a pé, segura e controla a velocidade. Os cooperados estão passando por treinamento para utilizar o equipamento. Os carros coletores são mais um passo na busca pela ampliação da reciclagem em Campinas que conta atualmente com 16 cooperativas de catadores com mais de 400 trabalhadores do Programa Municipal de Economia Solidária, da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda. Eles foram adquiridos a partir de um patrocínio da Petrobrás, através de contrato firmando com a ONG Centro de Referência em Cooperativismo e Associativismo (CRCA).


A Cooperativa

A Cooperativa Unidos na Vitória funciona numa área de mil metros quadrados dentro da Ceasa, desde 2003, fazendo coleta seletiva. Ela foi criada com o apoio da Central e gera trabalho e renda a 17 famílias que sobrevivem dos resíduos recicláveis da Central: plástico, vidro, metal e papel. Este trabalho faz parte do Sistema de Gestão de Resíduos (SGR) da Ceasa criado em 2006 e do Programa Municipal de Economia Solidária da Secretaria de Trabalho e Renda, além de ter o apoio da ONG Centro de Referência em Cooperativismo e Associativismo (CRCA). Os trabalhadores da Unidos na Vitória conseguem uma retirada média mensal de R$ 850,00 por pessoa.


O SGR

A Ceasa desenvolve três ações principais do Sistema de Gestão de Resíduos (SGR): a coleta seletiva de recicláveis realizada pela Cooperativa; a educação ambiental junto à comunidade da Ceasa para que separe e coloque o lixo nos coletores apropriados espalhados pelos mercados e a compostagem dos resíduos orgânicos, ou seja, a transformação dos restos de frutas, verduras e legumes em adubo - que é feito por meio de convênio no Aterro Sanitário Delta A. A Ceasa de Campinas é uma das poucas do país (entre as mais de 25 existentes) a garantir o reaproveitamento dos resíduos. Em 2008, este trabalho de gestão de resíduos da Ceasa foi um dos ganhadores do prêmio de responsabilidade ambiental da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) e Sanasa.


Comparativo 2006 e 2010

Em 2006 (quando foi iniciado o SGR) todo lixo orgânico era enterrado e somente 17 toneladas de resíduos recicláveis eram reaproveitados mensalmente pela Cooperativa que tinha oito pessoas. Hoje a Cooperativa conta com 17 pessoas; são recolhidas e reaproveitas 36 toneladas de recicláveis e mais 44 de madeira por mês e o lixo orgânico não é mais enterrado. Cerca de 30% dos restos de frutas, verduras, legumes e plantas da Ceasa começaram a ser compostados em abril de 2009 e hoje uma média de 60% são reaproveitados na compostagem.

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